A despedida de Zé Wilker
Dolorosa despedida de quem partiu antes da hora. Só no momento da perda é que podemos avaliar o tamanho da perda. Perdemos, com certeza, o ícone da nossa cultura!
As homenagens que vem recebendo revelam o seu tamanho, ainda maior do que pensavam os que, como eu, sempre o admiraram. Admirável intérprete de tipos humanos que ele lapidou de forma inesquecível.
Era também um reflexivo. Um estudioso da linguagem. Alimentou-se da cultura popular e do teatro de rua que aprendeu no velho Nordeste, e que aperfeiçoou com Samir Hadad. Era um palhaço, brincalhão e irreverente.
Morreu contrariando a morte. Jovial. Lindo. Cheio de ideias e de vida. Como disse Irene Ravache, estamos desamparados. Órfãos. Mas ele deixa um grande legado, que resumiu em entrevista para o Zeca Camargo no dia 02 de abril de 2014:
"0 conhecimento é muito mais do que se aprende nas escolas. É a observação do mundo, desde a leitura de bula de remédio até o movimento das galáxias. É, sobretudo,muita leitura e o lento decifrar dos mistérios da palavra, exaurida pelo uso repetitivo que a empobrece e distorce.
Lembro-me de sua enorme videoteca e de sua paixão pelo cinema e pelas obras de vanguarda. Vi com ele e Mônica, na casa deles, o famoso e quase indecifrável Koyaanisqatsi, uma vida fora de equilíbrio.
Morreu nosso ser pensante e pulsante. Foi- se o inconformista. O lutador em defesa de uma grande produtora latino-americana. O ícone de nossa cultura.
Um beijo na Cláudia, sua grande companheira.
Zé Wilker, vc se foi. Mas vc fica.